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domingo, 27 de março de 2011

"Sick and tired, I stand alone."



Exausta. É exatamente assim que me sinto. Eu gostaria de explicar o quão cansada eu estou. Inclusive nos meus sonhos. Eu acordo cansada. Me sinto afogando em uma onda pesada. Ninguém avisou que seria tão complicado assim, que eu não teria pra onde fugir, nem ninguém pra me ajudar. Assusta a ideia de que tudo o que eu quero só depende de mim. De mim. Essa criatura impotente, covarde e desesperada. Crescer dói sim. Eu aprendi isso da maneira mais difícil - e mais eficaz - possível. 
Como eu sinto falta de acordar e só me preocupar com a hora do desenho animado na televisão, de ter alguém pra buscar a toalha no banho, alguém pra cuidar de mim. Sozinha. Eu contra o mundo. Já não faz tanto tempo assim e já me sinto extremamente cansada. Talvez eu não esteja tão cansada assim, só esteja procurando um outro motivo pra continuar reclamando. O problema é que também cansei de reclamar.
O que está acontecendo, então? Será que é assim com todo mundo, ou essa é a confirmação de que eu vou ser sempre diferente? Acho que sim, porque tudo parece ser mais difícil na minha vida. Acredite, nisso eu não estou exagerando. Não adianta eu tentar mudar o mundo inteiro quando o problema sou eu. E isso é irremediável.
Eu tenho vontade, só não tenho ânimo pra colocar minhas vontades em prática. Elas sempre me soaram tão inúteis, não seria diferente agora. Inútil tentar me encaixar, inútil tentar não pensar, não sentir. Eu não sou essa pessoa triste, na menor parte do tempo, pelo menos. 


Eu só estou cansada.

sábado, 5 de março de 2011

Sem título



Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir, só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso, senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.



Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ele me pegou também



Tudo o que eu evitei, durante tanto tempo, é agora o que me faz abrir os olhos pela manhã. Foi difícil pra eu admitir isso, mas o amor também me pegou. A verdade é que, mais dia, menos dia, ele vai pegar a todos nós. Uns para sempre, outros, de uma maneira tão fulminante que, tudo o que deveria acontecer em uma vida, acontece em poucos dias. Espero que comigo seja para sempre.
A sensação que ele provoca é mágica. O prazer que o amor me causa é justamente esse: a felicidade do outro me deixa mais feliz que a minha própria. Mas também não são só flores. Existe o ciúme, de tudo, dos amigos, dos parentes, da sombra. Ciúmes até de quem a abraça, porque, por um momento, alguém está segurando o meu mundo inteiro. 
É difícil comportar o coração no peito em tempos como esse, porque pior do que carregar um coração partido, é carregar um coração apaixonado. Porque o partido dói, simplesmente. Por mais insuportável que seja, ainda é apenas dor. Já o apaixonado não; ele pára, dispara, diminui de tamanho, fica apertado e também dói; de repente fica enorme, não cabe no peito, faz querer gritar e pede, implora por presença quando tudo o que se tem é a ausência.
A distância é o mal do século, pelo menos pra mim. A distância que me separa da minha outra metade, da pessoa que me completa, que me tortura todas as noites por não a ter comigo. Ela intensifica tudo, tanto as emoções boas quanto as ruins. A sensação de impotência, quando você ouve um "venha me buscar" e não pode fazer isso, tudo isso complica. A distância implanta dúvidas terríveis, sobre tudo e todos. A gente nunca sabe se vai dar certo, nós simplesmente arriscamos. Certeza é pra gente que não ama o suficiente.
Os obstáculos são incontáveis, mas servem de estímulo. A paixão aumenta em função de tudo aquilo que se opõe à ela. A monstruosidade do amor consiste na infinita vontade, nos desejos ilimitados, controlados pelo limite. 


É, ele me pegou também.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Exílio


Cheguei naquela fase em que tudo parece estar envolvido por jornais, esperando uma grande mudança, uma grande reforma. É o mundo real me intimando a voltar pra ele.
A partir de hoje, preciso me dedicar ao meu curso de Direito, e já estou completamente imersa em letras, páginas, textos e livros. Isso significa que não terei mais tanto tempo parar postar aqui. Nada além de acordar e direcionar corpo e mente para o futuro que eu ainda espero para a minha vida. Antenas hasteadas, captando tudo. Foco.
Eu não precisei determinar que isso aconteceria. Simplesmente me deparei, no segundo dia de aula, com quatro livros, duas apostilas e cinco textos para ler durante essa semana. Enfim, isso não importa. O que importa é que esse estalo me fez perceber que o mundo aqui fora começou a cobrar de mim, a sugar toda a energia que tenho para lidar com ele, e me preparar para o que ainda vem por aí. Minha presença no blog ficará mais esporádica, mas sempre que postar alguma coisa nova, darei um jeito de avisar. Até que as férias voltem, e eu possa voltar para o mundo daqui de dentro.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Por onde andam meus sonhos?



Lembro que guardei os meus sonhos em algum lugar e ainda não consegui encontrá-los de novo. Pelo menos os bons, aqueles que vêm das lembranças que nunca se tornaram lembranças de verdade, porque nunca permiti que se tornassem passado. A única coisa que me visita nos sonhos é a dor e o medo da dor. Parece absurdo que alguém possa sofrer com esse céu estrelado, parece exagero dizer que um não dói mais que uma úlcera. Eu gostaria de saber onde estão os hematomas deixados por essas dores, para que eu possa curá-los. 
É preciso respeitar as dores invisíveis, pois são elas que doem mais, essas que sangram por dentro. Não adianta assoprar, que não passa. Tenho um respeito muito grande por quem, assim como eu, sofre em silêncio. Essas pessoas que perderam alguma coisa pelo caminho, uma parte de si e sabem que não dá pra reencontrar. Nenhum incômodo se compara à dor de uma vida alterada para sempre. Só quem sente tal dor sabe o tormento que ela causa, só quem perdeu algo importante consegue enxergar o pedaço que falta no próprio corpo.
Perdi os meus sonhos. Quem me vê pode até pensar que está tudo bem, mas eu consigo ver a falta que eles me fazem. A falta de perspectiva me assusta muito. Começar e não terminar. É assim o tempo todo. Meus sonhos acabaram e só ficou o vazio, a escuridão, essa vontade de parar e desistir de tudo. Vou me destruindo pouco a pouco, tentando entender porque certas coisas chegaram ao fim. Eu sei que deveria, mas não consigo continuar. Me sinto presa em minha própria dor, presa em meus próprios pesadelos. Não ter sonhos é como engolir vidro: arranha a garganta, sufoca a respiração, mata. 

Sou vítima dos sonhos adiados, dos que caíram no chão e não consegui mais encontrar.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"Fronteiriço"



Eu tento não ouvir as vozes, mas elas não me abandonam. Não agüento mais ouvir o que não sai de boca alguma. Ninguém me disse que seria tão ruim assim, que apagariam as luzes e me deixariam aqui, pra me acostumar com o escuro. Dói. Tudo dói. O pé, os olhos, a cabeça, a alma. É sem motivo, sem origem, às vezes nem dói de verdade, mas como confiar nisso, se eu sinto a dor? “Você já confundiu um sonho com a realidade?”
Eu já. Como nas vezes que me perdi em uma confusão interna tão grande que esqueci quem eu era. Uso os sonhos pra me encontrar, porque na minha cabeça eu não posso confiar. Isso me atrapalha, pois como eu vou viver de verdade, se eu não sei se a minha vida é de verdade? Essa sou eu e muitas outras pessoas espalhadas por aí, que sabem que existe algo errado, mas não sabem o que é.
Impossível manter uma relação que não seja confusa e caótica com outra pessoa. Toda tentativa de interação é dominada por ataques de raiva, chantagens emocionais, carência afetiva, instabilidade emocional, comportamento irritante e insuportável da minha parte. São coisas que não consigo controlar e as pessoas não entendem que não pedi pra ser assim. Aliás, me odeio por ser assim. Odeio ao ponto de me machucar por fora pra tentar matar o que tenho por dentro. Me odeio mais ainda por não conseguir fazer isso de forma efetiva. Sou covarde demais pra afundar a lâmina que percorre meu corpo superficialmente. Isso acontece quando me sinto frustrada, rejeitada, abandonada.
Sou geniosa, egocêntrica, gorda, feia, má, cruel e mentirosa. Essa última inclui vários itens, como falsa perda de visão, dores imaginárias que me irritam bastante, lapsos inverídicos de audição, tonteiras fingidas e uma série de outras doenças.
As pessoas me criticam por eu – supostamente – não me sentir sensibilizada por nada, nem um grama de empatia. Não é que eu não sinto, é que eu não consigo mais me importar. Não fui assim a vida inteira, eu já tive sonhos que hoje não passam de uma lembrança que às vezes aparece, nos dias que estou bem. Já perdi a conta de quantas vezes perdi pra mim mesma, de quantas vezes desisti de me olhar no espelho por medo de conseguir ver o que tem ali. São brigas que não sei se tenho chance, ou se simplesmente tenho medo de ganhar.
Não é fácil pensar vinte e quatro horas em algo que te faz sofrer, que te leva pro fim. Não é fácil e ninguém te dá um manual de instruções pra isso. Eu já não espero mais que me entendam, hoje eu só quero não ser incomodada.


"Para as pessoas normais desse mundo, a vida é andar em corda bamba. Mas para nós, a corda é de arame farpado."





PS: Este texto foi escrito por mim, baseado em experiências próprias, trechos do filme "Girl Interrupted", e em pensamentos que foram escritos por @acthali.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Turn the page




As coisas passam e nós devemos deixar que elas sigam  seu caminho, por mais doloroso que seja. Por isso é importante rasgar fotos, queimar cartas, destruir recordações. Tudo que seja uma manifestação visível de algo invisível. Precisamos nos desfazer daquilo que ocupa nossos corações, porque se livrar de certas lembranças significa abrir espaço para que outras se façam presentes. 
Lembre-se que houve uma época em que você pôde viver sem aquele sentimento, sem aquela pessoa, e viveu muito bem. Nada é insubstituível enquanto é apenas um hábito. Encerrar ciclos. Não por covardia, incapacidade ou orgulho, e sim porque é chegada a hora. Aquilo já não se encaixa mais na sua vida, no seu álbum não cabem mais fotos da mesma pessoa. Nada é mais perigoso e danoso do que um relacionamento amoroso que teve seu fim declarado, porém, não foi aceito por ambas as partes. Você pode passar todo o seu tempo se perguntando por que aquilo aconteceu, pode jurar que não dará o braço a torcer enquanto não entender o motivo que levou algo tão "sólido e importante" a um fim. Além de se desgastar, você estará parado no tempo. 
Ninguém pode viver o passado e o presente ao mesmo tempo. Você não será uma criança eternamente, então, deixe ir embora. Desprenda-se. Não espere que o mundo pare junto com você enquanto procura uma explicação plausível ou uma justificativa fajuta para o fim, quando a resposta é óbvia e está estampada em todos os lugares: acabou porque chegou a hora de acabar. Virando páginas, encerrando capítulos, finalizando etapas. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado o que pertence ao passado. Dizer adeus dói sim, mas se faz necessário para que a roda da vida - da sua vida - continue girando. Abrir as janelas da alma, ampliar seus horizontes, para que busque sempre depender unicamente de você. Sua vida é um livro, não o feche até que esteja terminado.

"Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é."