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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Caminhando sozinha


É por falta de companhia, por opção ou destino mesmo. Irremediavelmente sozinha. Porque quando você acha a maioria das pessoas normais demais, você passa mesmo muito tempo sozinho. Ou quando elas te acham diferente demais, ainda não sei. 
Às vezes penso que meu futuro será sempre pedindo um quarto de solteiro ou uma mesa pra um. Mas eu ainda tenho escolha, e a estrada vazia é sempre a mais atraente. Minha cabeça funciona a um ritmo infernal. É sinceridade demais, intensidade demais e isso assusta. Te assusta, me assusta. Esse conflito comigo mesma, que acontece todos os dias, é confusão demais pra eu deixar que as pessoas se aproximem. Caso haja uma explosão, os estilhaços tem um alcance muito grande. 
Acontece também, que quando se caminha sozinha, qualquer um que pareça ser diferente dessa maioria formatada, qualquer um que tenha um mistério a mais, acaba se tornando irresistivelmente tentador. As portas sempre ficam abertas pra qualquer estranho-parecido que queira entrar e bagunçar o interior de quem caminha sozinho.
O relógio, há muito esquecido, não faz diferença alguma. Os dias passam como horas, as pessoas normais-diferentes vêm e vão tempo todo, sem deixar marca alguma. Insensibilidade. Sempre somos acusados por sermos insensíveis. É que a miséria do mundo não consegue ser maior que a miséria interna, não temos culpa. Talvez tenhamos, mas tudo bem. Falta interesse, falta empatia, falta tudo. Menos o silêncio. Silêncio tem demais, e é bom. 
O amor. É, estava demorando. Mas não há muito o que dizer do amor. É simplesmente uma palavra de quatro letras, que nunca é dita por nós, os que caminham sozinhos. Se te incomoda, não é problema. Talvez seja essa nossa única função. Se você se identifica com algum de nós, puxe uma cadeira e sente-se.

Enquanto nós continuamos caminhando sozinhos.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Estranged


Quando você está falando sozinho, e não há ninguém em casa, você pode se enganar. Mas você veio a este mundo sozinho... sozinho. Ninguém nunca te disse como seria isso, então, o que vai acontecer a você? Acho que nós temos que esperar pra ver.

Velho de coração, mas tenho apenas 28. Sou jovem demais pra deixar o amor quebrar meu coração. Jovem de coração, mas está ficando muito tarde pra continuarmos tão separados. Eu não sei como você supunha me encontrar mais tarde. E o que mais você poderia querer de mim? Como você pode dizer que eu nunca precisei de você? Quando você tirou tudo de mim, eu disse que você havia tirado tudo de mim.

Jovem de coração, mas está ficando difícil de esperar. Quando ninguém que eu conheço pode me ajudar. Velho de coração, mas não devo hesitar se eu encontrar minha própria saída. Continuo falando sozinho, e ninguém está em casa. Quando eu encontrar todas as razões, talvez eu encontre um outro jeito, encontre um outro dia. Com todas as mudanças de estação da minha vida, talvez eu faça certo da próxima vez. 

E agora que você está por baixo, tire sua cabeça das nuvens. Você está de volta ao chão. E você já não fala mais tão alto, e não anda mais tão orgulhosa. Não mais. E por quê? 

Bem, eu pulei no rio muitas vezes pra fazer dele um lar. Eu estou sozinho aqui fora, naufragando completamente sozinho. Se não parece, dê um tempo e leia nas entrelinhas. Porque eu vejo a tempestade se aproximando, e as ondas estão ficando tão altas... Parece que tudo que nós conhecemos está aqui. Por que deveríamos deixar derivar e morrer?

Eu nunca vou achar ninguém pra substituir você. Vejo que terei que superar isso, desta vez, sem você.
Eu sabia que a tempestade estava se aproximando, e meus amigos me diziam que eu estava "alto". Mas tudo o que nós fomos estava aqui, e eu nunca quis que isso morresse...


Axl Rose

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O inevitável


É simplesmente injusto. Caso perdido, daqueles que não se tem a quem recorrer. O único mal irremediável que torna todos os homens iguais. É a única certeza de todo ser vivo. Uma hora se envelhece, e morre. Ou morre sem envelhecer, mas morre. Acho a morte nada demais, na verdade. Como ninguém sabe o que há depois, só especulações, crenças. Não fico me angustiando diante de prováveis ideias sobre o que seja "morrer". Lá a gente vê. Mesmo que 'lá" seja o nada, o silêncio. Pior é pra quem fica, por causa da saudade. Essa é velha conhecida. Comprovada, entranhada na carne e na alma.
O que me irrita, me indigna é a brevidade da vida. Porque é chegar ao ápice, ao cume da montanha, e perceber que dali pra frente é só ladeira abaixo. É aí que mora a injustiça dos fatos. Hoje não cheguei nem a metade da vida de um ser humano comum; mas percebo, sem falsa modéstia que nunca estive melhor. Os pensamentos estão cada vez mais rápidos, os joelhos em pleno funcionamento, os sentidos, o auto-conhecimento. A sexualidade, finalmente inteira. Mais sei do que não sei. A junção entre um pouco de sabedoria e vigor físico.
Antes era só vitalidade, energia, flexibilidade. Com o tempo vem o conhecimento das coisas e si próprio, a segurança. Um belo dia essas duas coisas estarão em um único recipiente, em perfeita alquimia. Mas isso dura apenas o tempo do conhecimento, do saber estar-se completo. Depois disso, deve-se, obrigatoriamente, envelhecer. E, por total impotência diante de uma força que não pode ser parada, devemos aprender a fazer o caminho contrário. Dali pra frente será mais cabeça e menos corpo. Pode-se tomar algumas providências, abusar da tecnologia pra tentar adiar esse momento; mas escapatória, não há.
O aspecto estético não é o que mais me tira o sono - claro que não ficarei feliz ao ver minhas bochechas despencarem do rosto. Mas sempre exercitei o desapego físico, nunca confiei tanto nessa coisa de aparência.       Me incomoda a perda de mobilidade, a dificuldade em amarrar os próprios sapatos, o cansaço, a dependência. A morte em vida, isso me apavora. Querer, eu não quero, e acredito que ninguém queira; mas diante do inevitável acontecimento, só nos resta achar bom. Aprender a desprender, a desmaterializar, a volatizar-se até que só reste a consciência. Um dia seremos todos pensamentos. Ou alma, se preferir acreditar.

É por isso que eu tenho pressa. Sempre urgente e faminta, quero tudo. E quero agora.


Texto adaptado.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Enfim...



E todos os dias ela só desejava que ele fosse feliz. Que ele estivesse se dando bem lá fora, porque ela não estava se dando tão bem num mundo sem ele. Ela já sabia que seria assim, sempre entendeu muito bem. No começo foi difícil, levantar da cama e encarar o dia não fazia sentido, o alimento não chegava nunca ao estômago, e as olheiras iam ficando cada vez maiores. Tudo que ela tinha a oferecer era aquele amor idiota e doentio. E foi tudo o que ele rejeitou. 
Com o passar do tempo, ela já estava se acostumando com a dor. Não que esta tenha diminuído, ela sempre esteve lá, com a mesma intensidade, mas ela aprendeu a conviver com a dor, com a indiferença. A ferida parecia adormecida, ela já não tinha mais contato com ele e pensava que ele não dava mais notícias dela. Até ele aparecer e trocarem meia dúzia de palavras. Pronto. Ele jogou sal na ferida sem a menor cerimônia. Novamente ela se sentia cansada de existir, cansada de tentar sobreviver. Respirar se tornou uma tarefa complicada e dolorosa.
Ela não queria ter olhado aqueles olhos outra vez, apesar de sonhar com eles todas as noites. "Como pode uma pessoa me fazer tanto mal, partir meu coração em pedaços incontáveis, e mesmo assim eu continuar amando-o, com todas as pequenas partes?". A paranóia havia voltado. Ela o via entrando e saindo de muitos lugares o tempo todo, e nunca, nunca era ele. Todo mundo parecia ter um pouco dele grudado em si. Ela mesma, não conseguia se olhar no espelho, pois via a imagem dele, refletida ali. Ela precisava amadurecer, precisava entender que aquela era uma escolha dele. Mas não tinha jeito, ela estava cega e o mundo parecia coberto de uma penumbra leitosa, buscando por luz. 
Ela só tinha duas opções: a dor e a saudade. E a única maneira de vencer esse sentimento, era aceitá-lo, parar de querer ganhar dele. "Mas ela não o amava?" Sim. Talvez para sempre. Mas nem por isso ela voltaria a ser um vegetal por ele. Ela sentia aquele amor ridículo mas não aguentava mais tanta dor. Escolheu, enfim, a saudade. E a saudade entrou com o pé na porta, sentou-se ao lado dela e disse que dali não sairia tão cedo.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Insônia

Puta que pariu, quatro da manhã, que calor é esse, eu quero levantar pra ir ao banheiro mas tô com preguiça, vou segurar até o último segundo, cadê minha garrafa d'água que tava  aqui? Deixa eu ver, será que esqueci alguma coisa? Eu sempre esqueço alguma coisa e no final descubro que não era nada tão importante assim. Então por que diabos ainda me importo com isso? Ando com vontade de cortar meu cabelo curtinho, mas sei que não vou fazer isso, hummmmm, é bom dormir com o ventilador ligado, quando se consegue dormir, aquela música que ouvi ontem não sai da minha cabeça, Skeeter Davis - The End of The World, essa música tão tranquila, pelo menos aparentemente, porque nunca se sabe, né. Não tô com fome, mas talvez um leite ajudasse,  posso levantar e olhar pra lua mais uma vez, fumar outro cigarro, a voz dessa mulher na tv só me irrita, mas também, ô mania de dormir com a tv ligada. Quem sabe colocar um som, quem sabe parar de pensar em como é que me desliga, quem    sabe    ler    um    pouco,    quem    sabe   contar   carneirinhosoutalvezimaginarumlugarbonitoumfrontalagoranãoserianadamau

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domingo, 19 de dezembro de 2010

Untitled

É o incoerente me cobrando coerência o tempo todo. "Tudo precisa fazer sentido". Mas hoje não, hoje nada faz sentido.  Muito menos isso aqui. Levanto, olho em volta, executo, cumpro, busco, busco, busco. Canso.
Canso-me de mim, não me tolero, não me quero. Me amo. Me olho por ângulos secretos e gosto. Mas não divido, tenho medo. Desconfio, bicho assustado. Parto pra cima, arranho, machuco, só pra ver sua cara perplexa. Depois fujo, vou pra um canto qualquer. Bicho acuado. Vazia. E busco.
Eles falam e eu não entendo. Os lábios se movem e não escuto som algum. Palavras ininteligíveis para uma mente como a minha. Tudo previsível e marcado. E eu corro, aflita. Pálida e calada por fora, mas gritam por dentro palavras como "certo-errado", "especial-corriqueira", "possível-utópico". E me confundo. E te confundo.
Fui feita para entender, mas não entendo. Logo, penso que fui feita pra ser entendida. Mas ninguém entende.

Je ne sais pas, das verstehe ich nicht, I don't fucking know, no entiendo, EU - NÃO - ENTENDO. Em todas as línguas.

Texto adaptado.

sábado, 18 de dezembro de 2010

"Ela"




Ela sempre se sentiu desgarrada do mundo, diferente de todos. Ela tinha resistido por muito tempo, tentou de muitas formas se adaptar ao que era inadaptável. Agora Ela se sente cansada, impotente, sem ter o que fazer diante do diagnóstico: a maioria dos seres humanos eram incompreensíveis. Por muitas vezes Ela não entendia o porquê de levarem sempre a mesma vida monótona, seguindo os mesmos padrões, obedecendo às mesmas razões, seguindo os mesmos raciocínios. Quando Ela se deparava com questões comuns e percebia que seus sentimentos e sua forma de encarar as coisas eram completamente diferentes. Sentia-se só. 
Durante a maior parte de sua vida, Ela tentou se encaixar nessa situação. Passou a observar como eles agiam, e passou à imitá-los. Aprendeu tudo. Sorria na hora que devia sorrir, se emocionava (falsamente) quando devia se emocionar, procurou agir exatamente como eles, pra não chamar tanta atenção. Sabia a hora de fazer os comentários certos, as expressões certas e até a dizer "graças a deus", mesmo sem saber direito que deus era aquele. Era assim e pronto. 
Certa vez, se atreveu a questionar o porquê de algumas coisas. Ficou surpresa com a não aceitação do público, Calou-se. Teve medo. Medo de ficar sozinha, de estar errada, de ser julgada e condenada por viver diferente. Por ser diferente. Afogou a própria indignação e voltou a viver de forma seriada. Viveu assim por um bom tempo. No fundo, sentia pena daqueles seres humanos tão conformados, tão iguais uns aos outros, sempre mergulhados em ciências superficiais. Tão preocupados com aparência e vida do próximo do que a deles mesmos. Ela achava que perdiam tempo. Sofria por vê-los tão ignorantes, tão alheios àquilo que realmente importa, sem vontade de aceitar ou buscar o novo, enterrados no padrão. E o padrão a incomodava muito. E o mais assustador é que pareciam estupidamente felizes. 
Entre esses, alguns, por vezes escapavam da formatação do mundo, se mostravam mais evoluídos: questionavam e tentavam compreender essa mania que o ser humano tem de viver no outono. Ela, enfim, acreditou que pudesse conviver com estes seres, que tinha encontrado um jeito de viver entre eles. Até agora.
De repente Ela se achava perdida, dando voltas dentro de casa, aflita, triste. Já estava impossível continuar fingindo, e aceitar aqueles humanos tinha se tornado uma tarefa árdua. Era o limite. 
Ela decidiu desistir da calma, passou a buscar os seus iguais e, lentamente foi os encontrando, um a um. Hoje, não são muitos, mas são os dEla. Esses são os que adotam as mesmas convicções e vivem de forma parecida. Ela descobriu que nunca seriam muitos, não era pra ser uma multidão. Existia a maioria, e existiam eles. Ela continuou convivendo com aqueles seres humanos medíocres, reservou os seus semelhantes as suas partes mais vivas porque necessitava ser compreendida, ser aceita. Fechou-se para a pequenez dos demais e conseguiu, de vez em quando, ser feliz.


Texto adaptado.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

"A quem interessar possa"

Se burrice tivesse nome, seria o meu. É sério. Mania chata de me envolver com gente estranha, gente complexa. Sempre tentando consertar aquilo que já nasceu quebrado, ou, talvez, porque a pessoa é parecida demais comigo: um turbilhão de problemas ambulantes. 
As pessoas deveriam ser mais sutis ao me abandonar, porque quando fazem isso de uma vez, é mais difícil acreditar e, consequentemente, mais difícil curar a ferida. As cicatrizes eu nem tento esconder. Estão à mostra, à quem interessar ver, que tentei, insisti, briguei e sofri. Sofro. Mas ninguém nunca poderá dizer que não tive coragem. 
Me acho diferente das pessoas com a minha idade, e quando encontro alguém um pouco mais misteriosa, um pouco mais problemática, sou forçada a pensar que não sou a única esquisita por aí. Aí vem o envolvimento, a intensidade, sempre multiplicada por mim, inconscientemente. O resultado? Abandono, decepção. O mesmo roteiro, como se fosse passado de mão em mão. Sempre desistem de mim com facilidade. 
É um ciclo. Me apaixono, me machuco, me apaixono denovo, antes de me curar por completo. Mas a vida não é de todo ruim, existem os amigos, aqueles que me fazem querer viver. Que me fazem ver que a vida não é tão ruim. Pelo menos na menor parte do tempo.

Papel e caneta

Eles estavam por toda a parte. Agora, passei para o teclado. Porque escrever, no meu caso, se tornou necessário e vital. Terapia, desabafo, sussuro. Mesmo que esteja contando uma história que não seja a minha, sempre farei isso sob minha própria ótica, meu próprio entendimento.
Meus rabiscos sempre tiveram um jeito de confissão. Falo do que eu sinto, do que eu quero e do que eu vejo. Meus sentimentos mais vis, mais egoístas, coisas que não adimito nem pra mim mesma. Nessa tentativa de me entender, (ou que me entendam), vou gastando linhas e linhas a fio.
Era no papel, agora é aqui, que eu posso expressar minha visão preto e branco do mundo, minha eterna rabugice. Aqui eu posso ser chata, esnobe, ser linda, horrível, dizer clichês, criar coisas incríveis, me fazer de santa e de puta. Livre, livre, livre...

Curativo

Ando tendo sonhos estranhos. Parece que todo mundo que vai embora, deixa um pedacinho. Enfim, vou tentando transformar espinhos em palavras. Traduzir dores, remexer feridas. Escrever para tentar esconder cicatrizes. Dói, mas é bom.