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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Enfim...



E todos os dias ela só desejava que ele fosse feliz. Que ele estivesse se dando bem lá fora, porque ela não estava se dando tão bem num mundo sem ele. Ela já sabia que seria assim, sempre entendeu muito bem. No começo foi difícil, levantar da cama e encarar o dia não fazia sentido, o alimento não chegava nunca ao estômago, e as olheiras iam ficando cada vez maiores. Tudo que ela tinha a oferecer era aquele amor idiota e doentio. E foi tudo o que ele rejeitou. 
Com o passar do tempo, ela já estava se acostumando com a dor. Não que esta tenha diminuído, ela sempre esteve lá, com a mesma intensidade, mas ela aprendeu a conviver com a dor, com a indiferença. A ferida parecia adormecida, ela já não tinha mais contato com ele e pensava que ele não dava mais notícias dela. Até ele aparecer e trocarem meia dúzia de palavras. Pronto. Ele jogou sal na ferida sem a menor cerimônia. Novamente ela se sentia cansada de existir, cansada de tentar sobreviver. Respirar se tornou uma tarefa complicada e dolorosa.
Ela não queria ter olhado aqueles olhos outra vez, apesar de sonhar com eles todas as noites. "Como pode uma pessoa me fazer tanto mal, partir meu coração em pedaços incontáveis, e mesmo assim eu continuar amando-o, com todas as pequenas partes?". A paranóia havia voltado. Ela o via entrando e saindo de muitos lugares o tempo todo, e nunca, nunca era ele. Todo mundo parecia ter um pouco dele grudado em si. Ela mesma, não conseguia se olhar no espelho, pois via a imagem dele, refletida ali. Ela precisava amadurecer, precisava entender que aquela era uma escolha dele. Mas não tinha jeito, ela estava cega e o mundo parecia coberto de uma penumbra leitosa, buscando por luz. 
Ela só tinha duas opções: a dor e a saudade. E a única maneira de vencer esse sentimento, era aceitá-lo, parar de querer ganhar dele. "Mas ela não o amava?" Sim. Talvez para sempre. Mas nem por isso ela voltaria a ser um vegetal por ele. Ela sentia aquele amor ridículo mas não aguentava mais tanta dor. Escolheu, enfim, a saudade. E a saudade entrou com o pé na porta, sentou-se ao lado dela e disse que dali não sairia tão cedo.

3 comentários:

  1. Apesar do texto ser lindo, é muito triste! haha
    Parabéns!

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  2. Lindo demais esse texto, morri com ele, nossa.

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  3. Obrigada, Ana Flávia. É triste sim, mas é a realidade de algumas pessoas.
    Obrigada, Myrlla. Não morra, por favor! Seus comentários são importantes! HAHA'

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